Como as mulheres conquistaram o espaço na engenharia
Pouco tempo atrás a engenharia era vista como um campo de atuação masculino. Felizmente, os tempos estão mudando e a presença feminina está cada vez maior. E não, este fato não se deve somente à criação de novos cursos de engenharia
(aqueles erroneamente chamados de “engenharia de mulherzinha”), a presença feminina também aumentou em cursos tradicionais de engenharia.
No passado, as mulheres foram excluídas da ciência, recebendo como atribuição apenas as tarefas domésticas. Estes costumes permaneceram até o século 19 e, ainda em muitos países as mulheres eram proibidas de frequentar uma universidade. Marie Curie representa bem o ingresso das mulheres na ciência. Famosa por suas descobertas científicas, foi a primeira mulher a dar aulas em um curso superior na França, onde estimulava suas alunas ao interesse científico com experimentos antes restritos aos homens. Além disso, Curie também foi a primeira mulher a receber um Nobel (e ela o fez duas vezes), enfrentando o preconceito e o machismo predominantes na época.
No Brasil, ainda no século XX, as mulheres sofriam preconceito ao ingressar no meio científico. Na engenharia, elas foram conquistando espaço aos poucos. Evelyna Bloem Souto era, em 1957, a única mulher a fazer parte da primeira turma de engenharia civil da Escola de Engenharia de São Carlos e relatou as dificuldades que passou durante o curso: “A primeira bolsa que consegui foi em Paris. Eu e mais 10 alunos homens fomos visitar um túnel que estava sendo feito para ligar a França à Itália. Eu fiz questão de estar lá porque sabia que posteriormente teríamos de construir túneis no Brasil, mas não queriam que eu entrasse. Fizeram com o que eu me vestisse de homem, colocasse galochas, prendesse o cabelo e desenhasse barba e bigode no meu rosto. Só assim pude verificar as obras. Essa foi a maior prova de preconceito que sofri na época.”
Ainda, Souto descreve outra situação em que sofreu preconceito após formada e na mesma instituição, na criação do departamento de Geologia e Mecânica dos Solos, que teve sua ajuda. “O presidente me fez assumir o papel de bibliotecária para que ninguém soubesse que eu era engenheira. Mas fui conquistando o meu espaço, e não demorou muito para eu virar chefe de tudo”. Em 2013, as mulheres representavam 23% dos ingressantes no curso de Engenharia Civil na Escola de Engenharia de São Carlos.
Atualmente, até a antiga concepção de bonecas para meninas e carrinhos para meninos está mudando, como nós já mostramos aqui no BDE uma empresa que criou brinquedos voltados para futuras engenheiras. No Reino Unido, o projeto Engineer a Better World tem o objetivo de estimular o interesse dos jovens pela engenharia, principalmente de meninas, visto que apenas 6% dos engenheiros do Reino Unido são mulheres, além de estimular os pais a nutrir a curiosidade dos filhos a respeito da engenharia. Abaixo, um interessante vídeo do projeto:
No Brasil, a Universidade de Caxias do Sul desenvolve o projeto Encorajando Meninas em Ciência e Tecnologia, que visa apresentar para alunas do ensino médio o universo da engenharia e despertar o interesse pela área.
A partir de exemplos como Marie Curie, que encarou o preconceito na ciência e Evelyna Souto, que teve coragem ao ingressar em uma turma composta apenas por homens e deixar claro seu posicionamento, é que hoje as mulheres estão entendendo motores, construções, computadores, circuitos elétricos, robôs e tudo mais que pouco tempo atrás era só função de homem. Esta é uma questão que vai além de querer provar que as mulheres podem exercer as mesmas profissões dos homens (e sim, nós podemos!), é uma questão dedescobrir como o mundo funciona e agir em prol de melhorá-lo, uma questão de querer ser engenheira, com todas as atribuições e conhecimentos da profissão que amamos.
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