Concreto têxtil, o futuro do concreto armado
UFRGS é a primeira universidade brasileira a iniciar pesquisa sobre nova tecnologia, que já é usada em obras na Alemanha e outros países europeus
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As pesquisas sobre reforços estruturais do concreto armado, desencadeadas em todo o mundo, culminaram, em 2009, na descoberta de um novo material que tende a revolucionar a construção civil nas próximas décadas. Trata-se do concreto têxtil ou, como é chamado no exterior, textile-concrete. O invento, desenvolvido primeiramente na Alemanha, é uma rede formada por polímeros, fibras de carbono, vidro e resinas epóxi, capaz de substituir as armaduras de aço que há quase 200 anos compõem as estruturas de concreto armado.
O material tem uma configuração semelhante aos tecidos, por isso o nome concreto têxtil. “Esse polímero é introduzido dentro do concreto, substituindo a armadura tradicional. Com isso, o concreto pode ser moldado de outras maneiras, com sessões menores, além de ficar livre de corrosões. Ele põe fim também à questão da falta de cobrimento e, com isso, pode viabilizar estruturas mais eficientes e mais elegantes”, explicou o professor Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, diretor da Escola de Engenharia da UFRGS, que recentemente palestrou no 11º Congresso Internacional de Patologia e Recuperação de Estruturas (Cinpar), realizado de 10 a 12 de junho nas dependências da Unisinos, em São Leopoldo-RS.
Na Alemanha, o concreto têxtil derivou do carboconcrete. O material apresentou-se tão forte quanto as armaduras de aço, mas com 25% do peso do concreto armado e com maior durabilidade. Além disso, em contraste com os componentes do aço das armaduras convencionais, o concreto têxtil não oxida, o que o torna extremamente eficiente em estruturas que tenham que ficar em contato com a água. Outra vantagem é que ele permite construir peças pré-fabricadas com 10 milímetros de espessura e resistência à tração de até 165 MPa.
Primeira obra
A primeira aplicação prática do concreto têxtil está exposta na cidade de Albstadt, na Alemanha. É uma passarela com 100 metros de comprimento, inaugurada no final de 2010, e que impressiona pela esbelteza de suas linhas. Em Porto Alegre, se pretende construir obras semelhantes. O objetivo é viabilizar duas passarelas dentro do campus da UFRGS, melhorando acessos a paradas de ônibus. Em abril de 2015, a universidade trouxe uma delegação de outra empresa alemã que desenvolve concreto têxtil – a Solidian –, para a implantação do projeto e a produção do material nos laboratórios do departamento de engenharia civil da UFRGS. “Fechamos acordo para ter a primeira estrutura de concreto têxtil da América Latina”, revelou Luiz Carlos Pinto da Silva Filho.
A pesquisa sobre concreto têxtil dentro da universidade gaúcha está a cargo do LEME (Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais). Dois engenheiros da Solidian, Christian Kulas e Roland Karle, já estiveram na UFRGS palestrando sobre o material e firmando convênios para o desenvolvimento no Brasil. Na Alemanha, o concreto têxtil foi desenvolvido inicialmente dentro dos laboratórios da Universidade Técnica de Dresden, em parceria com o Instituto de Pesquisa Têxtil Saxon (STFI), localizado em Chemnitz. Na apresentação dos estudos, os pesquisadores definiram o textile-concrete como o concreto armado do futuro.
Fonte: www.cimentoitambe.com. br
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